Por que a evolução é diferente?

 
Artigo do Evolution News, com o título original Why evolution is different, traduzido por mim.
 
 
 
Porque a evolução é diferente?
Granville Sewell, 2 de setembro de 2014, 5:34 AM
 
No atual debate entre darwinismo e design inteligente, o argumento mais forte levantado pelos darwinistas é este: Em todos os outros campos da ciência o naturalismo tem sido espetacularmente bem sucedido, então por que na biologia evolutiva deveria ser diferente? Mesmo a maioria dos cientistas que duvidam da explicação darwinista para a evolução são confiantes de que a ciência irá, no devido tempo, trazer uma explicação mais plausível. Essa é a maneira como a ciência funciona. Se uma teoria falha, procuramos outra. Por que a evolução seria tão diferente? Muitas pessoas acreditam que os defensores do design inteligente não entendem como a ciência funciona e que são motivados inteiramente por suas crenças religiosas.
 
Bem, não espero mudar a mente de ninguém com a discussão que segue, mas tenho a esperança de que irá ao menos ajudar os críticos do DI a entender porque alguns de nós que compreendem como a ciência normalmente trabalha, e que não são fanáticos religiosos, sentem que a evolução é fundamentalmente diferente de outros problemas científicos e requer uma forma fundamentalmente diferente de lidar.
 
Abaixo está um conjunto de fotos de uma vizinhança em Joplin, Missouri. A primeira foi tirada logo antes do ataque de um tornado em 22 de maio de 2011.
 
 
1. Joplin antes do primeiro tornado
 
 
2. Joplin depois do primeiro tornado
 
Felizmente, outro tornado atacou Joplin poucos dias depois e tornou todo esse entulho de volta em casas e carros, como visto na terceira foto.
 
 
3. Joplin depois do segundo tornado
 
 
Se eu lhe perguntasse por que você não acredita em minha estória sobre o segundo tornado, você poderia dizer que que este tornado parece violar as declarações mais gerais da segunda lei da termodinâmica, tal como “Em um sistema isolado, a direção das mudanças espontâneas são da ordem para a desordem”. A isto eu poderia replicar que Joplin não é uma sistema isolado, que tornados recebem sua energia do sol e que dessa forma o decréscimo da entropia em Joplin causada pelo segundo tornado é facilmente compensado por acréscimos no lado de fora deste sistema aberto. Ou eu poderia argumentar que é também um tanto difícil quantificar o decréscimo na entropia causado pelo segundo tornado, ou poderia dizer simplesmente que não aceito as declarações mais gerais da segunda lei, que a segunda lei da termodinâmica seria aplicável apenas à termodinâmica.
 
Suponha, entretanto, que eu dissesse mais adiante que tenho uma teoria científica que explica como tornados, sob as condições certas, pode realmente tornar entulho de volta em casas e carros. Você duvida de minha teoria? Você ainda sequer a ouviu! Agora tenho outro conjunto de fotos para você, e mais duas estórias. A primeira foto mostra um planeta especial semelhante à Terra, em um certo sistema solar, com aparência de cerca de 4 bilhões de anos atrás. A segunda mostra uma grande cidade no mesmo local cerca de 10.000 anos atrás. Em seu auge, a cidade tinha prédios altos cheios de seres inteligentes, computadores, TVs e celulares. Havia bibliotecas cheias de textos e romances científicos, e aviões a jato aterrissando e decolando em seu aeroporto.
 
 
1. Planeta semelhante à Terra logo depois de formado
 
 
2. Planeta no auge de sua civilização
 
 
Cientistas explicam como a civilização se desenvolveu neste planeta outrora estéril como segue: cerca de 4 bilhões de anos atrás uma coleção de átomos, formada por pura chance, foi capaz de duplicar-se sozinha, e estas complexas coleções de átomos foram capazes de preservar suas estruturas complexas e passá-las a frente aos seus descendentes geração após geração. Ao longo de um grande período de tempo, a acumulação de acidentes genéticos resultou em uma coleção de átomos cada vez mais e mais complexa, e finalmente algo chamado “inteligência” permitiu a algumas dessas coleções de átomos projetar prédios, computadores e TVs, e escrever enciclopédias e textos científicos.
 
Tristemente, alguns anos após a segunda foto, a estrela desse sistema solar explodiu em uma supernova, e todos os seres inteligentes morreram; seus corpos se deterioraram e suas células se decompuseram em simples compostos orgânicos e inorgânicos. A maioria dos prédios tornaram-se imediatamente entulho – os que não, caíram em pedaços com o tempo. A maioria dos computadores e TVs dentro deles foram transformados em pedaços de metal. Mesmo aqueles que não, gradualmente tornaram-se pilhas de pó. A maioria dos livros nas bibliotecas queimaram, o resto apodreceu com o tempo, e o resultado final, muitos anos depois, você pode ver na foto três.
 
 
3. Planeta hoje
 
 
Agora é na primeira estória que é mais difícil de crer. O desenvolvimento da civilização nesse planeta, e o tornado que transformou em escombros casas e carros, ambos parecem violar as afirmações mais gerais da segunda lei, e de uma forma espetacular. Muitas razões pelas quais o desenvolvimento de uma civilização não viola a segunda lei têm sido dadas, mas todas elas podem igualmente ser usadas para argumentar que o segundo tornado não a viola tampouco. Quer dizer, todas exceto uma: há uma teoria sobre como civilizações podem se desenvolver em planetas estéreis a qual é largamente aceita no mundo científico, enquanto não há uma teoria largamente aceita sobre como tornados poderiam transformar escombros em casas e carros.
 
Bem, talvez essa teoria largamente aceita esteja correta, ou talvez uma nova, mais plausível, ainda será encontrada. Minha questão, contudo, àqueles que tratam a evolução como apenas mais um problema científico é esta: você realmente ainda acredita que qualquer um que duvida que a ciência pode explicar o desenvolvimento de vida e de inteligência humana em termos de forças não inteligentes sozinhas simplesmente não entende como a ciência funciona? Você não consegue agora pelo menos entender porque alguns de nós sentimos que a evolução é fundamentalmente diferente e um problema muito mais difícil que outros resolvidos pela ciência, e que requer uma forma fundamentalmente diferente de lidar?
 
Veja meu artigo de 2013 “Entropy and Evolution” [Entropia e Evolução] publicado no periódico BIO-Complexity, ou este vídeo baseado no referido paper, para desenvolvimento deste tópico.
 
 
As fotografias aqui usadas são as mesmas do artigo original. Lá não há citação da fonte ou autor. Imagino que as mesmas sejam de uso livre.
 
 
Procurando na internet pelo nome do autor, Granville Sewells, é possível encontrar mais textos sobre seus argumentos (inclusive contra).
 
 
Etiquetas:
Leis da física - projeto inteligente - artigo científico para download - matemático - violação da segunda/2a lei da termodinâmica
 
 
 
 

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